A Árvore

O sobreiro, que Lineu baptizou com o nome latino de Quercus suber, é uma árvore muito antiga (supõe-se que existe há cerca de 30 milhões de anos), da qual se conhecem inúmeros testemunhos fósseis referenciados.

Tratando-se da única árvore que produz cortiça, o sobreiro pertence à família das Fagáceas e ao género Quercus e apresenta diferenças morfológicas, muito salientes de exemplar para exemplar, em consequência da sua complexa constituição genética. O intenso polimorfismo do sobreiro chegou a levar Vieira Natividade (1934) a admitir que, em rigor, cada indivíduo se pudesse considerar uma forma botânica distinta.

O sobreiro isolado, desde que vegete em condições favoráveis, pode atingir enormes proporções, chegando a projecção da copa a atingir, por vezes, 500 metros quadrados em árvores com 150 a 200 anos.

Na vida em povoamento, a sua forma sofre modificações acentuadas, quer quanto ao volume da copa, quer quanto à altura do tronco principal (fuste). Uma densidade de povoamento baixa tende a favorecer o crescimento da ramagem no sentido horizontal, enquanto que nos povoamentos densos, pelo contrário, o tronco se eleva e predomina o crescimento em altura, tornando-se o porte da árvore mais fusiforme.

A produção média por árvore é bastante variável, no entanto, um sobreiro adulto, normalmente desenvolvido, pode produzir em cada extracção entre 40 e 60 quilogramas de cortiça.

No arvoredo convenientemente explorado, a qualidade da cortiça começa a declinar depois de 150 a 200 anos, idade que se pode considerar como o limite da cultura económica do sobreiro, ainda que este, em muitos casos, continue a vegetar até idades muito avançadas (entre 250 e 350 anos).

A propagação do sobreiro e a criação de novos povoamentos pode fazer-se de diversas maneiras, dependendo a sua maior ou menos adequação a cada situação concreta, de várias circunstâncias.

A forma mais usual e mais barata de propagação do sobreiro, é a regeneração natural que, na ausência dos seus múltiplos destruidores, resulta a partir das landes libertas dos sobreiros adultos. Esta situação ocorre sempre que se assegura a necessária protecção dos pequenos sobreiros que se disseminam por grandes extensões, o que demonstra bem a extraordinária aptidão desta árvore para reconstituir a floresta natural.

Existem, contudo, várias regiões suberícolas onde a regeneração natural se torna muito difícil. Nestas circunstâncias, pode recorrer-se ao repovoamento artificial, seja por sementeira directamente no terreno, seja por sementeira em recipientes próprios para ulterior plantação no local definitivo, seja por transplantação com um substrato nutritivo de plantas obtidas por propagação vegetativa.

Fonte: O Sobreiro e a Cortiça
Um Património Universal
Uma Herança a Preservar

(DGDR)